Fatores como a crescente taxa de desemprego (14,2%), a queda do PIB para o seu pior percentual na história (-4,1%), a redução do auxílio emergencial, aumento dos preços e o baixo ritmo da vacinação no Brasil impactam na recuperação do mercado. Nesse panorama de crise econômica e recessão, a multinacional Kantar, líder em dados, insights e consultoria, identificou no primeiro trimestre de 2021, por meio de seu estudo Consumer Insights, a desaceleração do consumo dentro do lar pela primeira vez desde o início da pandemia.
O levantamento aponta uma mudança no comportamento de compra dos consumidores, que optaram por comprar mais unidades de bens de consumo massivo (FMCG) por viagem e ir menos vezes aos pontos de venda. Com o aumento geral do nível de preços, o resultado fica positivo em valor (+12%), mas cesta retrai em frequência e fica estável em volume.
Entretanto, os desafios vão além do cenário “in home”. No retorno do consumidor ao mercado “out of home” (OOH), observam-se retrações do consumo em todos os perfis e em todas as classes sociais, mas principalmente das mais altas e de maiores de 50 anos. Na comparação entre “in” e “out”, as categorias que mais caíram na compra OOH (refrigerantes, chocolates, biscoitos), cresceram dentro do lar. Apenas salgadinho de pacote e leite saborizado performaram positivamente no circuito outdoor, impulsionados pela falta de tempo, conveniência e prazer imediato.
As principais tendências no domicílio destacam o aumento no consumo de perecíveis (leite fermentado, linguiça e empanados), mercearia doce (pão industrializado e creme de leite), bebidas (cerveja e água mineral), limpeza (detergente líquido e água sanitária + alvejante com cloro) e bazar (ração para gatos). Azeite se destaca como categoria que ganha novos compradores em todas as classes, enquanto a batata congelada é o destaque nas classes ABC e a presuntaria nas classes CDE. Uma tendência que se vê em todas as classes sociais é a substituição da carne bovina por outras mais baratas. Do último trimestre de 2020 para os primeiros três meses desse ano houve um aumento no consumo de carne de sol entre a classe AB, salsicha entre a classe DE e hamburguer entre a classe C.
Outro ponto de destaque do estudo é em relação ao “carry out”, marmita preparada dentro de casa para o consumo fora, com a escolha de proteínas mais baratas, que se consolida entre as classes mais baixas. Entre os mais ricos, registra-se o uso regular do “food tech” para pedir comida.
No quesito limpeza do lar, a elevação do preço nos itens que compõem a cesta fez o segmento contrair, com exceção dos produtos em promoção. Esta, aliás, foi a estratégia de vendas mais usada por marcas de alimentos e bebidas premium para manterem crescimento em todas as classes sociais durante o primeiro trimestre do ano.
De acordo com os dados, ficou claro que a indústria e o varejo precisam atuar para minimizar o impacto de novas quedas, revisitando as estratégias de alcance, os seus portfólios e o mix ideal por canal. Também é necessário manter as estratégias tanto dentro como fora do lar. A racionalização da compra começa no entendimento das distintas demandas dos consumidores. Compreender quais são os desafios econômicos e quais são as necessidades de consumo para cada ocasião ajudam a identificar as plataformas de crescimento e, assim, trabalhar no posicionamento das marcas no mercado atual.
"Para entender como cada classe performa em suas compras é importante saber quais as suas demandas e como ela racionalizou seu consumo, além de entender como têm sido as escolhas de produtos que elas usam para se alimentar nesse cenário tão desafiador", comenta Renan Morais, gerente de Out of Home e Usage da Kantar, divisão Worldpanel.
Todas as informações acima fazem parte da primeira edição de 2021 do estudo trimestral Consumer Insights, da Kantar, divisão Worldpanel, que analisa os impactos da pandemia na jornada de compra e consumo.
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27 maio 2021